A Arquitetura da Ascensão – Capítulo 3.11
Estávamos próximos do dia do nosso casamento. Instalados na fazenda estávamos calmos, com alguns hóspedes chegando para a recepção. Eu aproveitava o tempo livre para nadar, recepcionar os convidados e dormir. Não queria ficar exausta ou estressada com nada. Sempre e absolutamente organizada rabisquei na agenda o controle de tudo prevendo que nada saísse errado durante os dois dias que antecederiam as bodas. No dia 21 de setembro casaríamos no civil as 11 horas da manhã numa cidadezinha bem perto da fazenda. Um lugar montanhoso, discreto e sossegado. No dia 22, sábado, dia do Raio Violeta, casaríamos no religioso permanecendo na fazenda até o dia 23, domingo, quando na capela da fazenda estaríamos fazendo conexão especial com o Mestre El Morya. Assim, voltaríamos para a nossa cobertura em São Paulo preparando-nos para a viagem à Jerusalém.
Convidados especiais chegavam. Artistas, amigos e familiares. Não foram muitos os escolhidos. Fizemos uma filtragem de convidados não entrando nenhum bisbilhoteiro. Receberíamos um canal de televisão regional e tudo cuidadosamente preparado para aquele momento tão esperado.
Sexta-feira amanheceu com muita chuva. Sentia-me abençoada! Gostava da chuva caindo e do cheiro da terra molhada. Dirigimo-nos para o cartório com os padrinhos que estavam hospedados em nossa fazenda. Assim que terminou o cerimonial eu e o meu “guardião” fugimos de todos. Subimos a montanha indo para um lugar secreto onde fui levada quando estivera em reclusão. Aquele local é chamado por nós como o Vale Secreto. Debaixo da chuva e bem molhados ficamos em silêncio recebendo a benção de um SER de alta voltagem. Deixou-nos algumas mensagens e se foi não voltando mais a se acoplar no meu corpo.
Choramos de emoção recebendo em nossos corpos a chuva forte e gelada. Um vento que assobiava com os galhos das árvores reverenciando a nossa união. Estávamos casados usando a aliança em nossos dedos com três diamantes: paz, amor e luz!
De volta a fazenda o meu esposo – guardião parou o carro, disse-me:
—Esta fazenda é sua a partir de hoje. Ela é o meu presente de casamento para você. Faça dela o que quiser. É sua e dos Mestres Ascensionados!
Fiquei emocionadíssima em receber aquele carinhoso presente. Uma área enorme com gados e a fascinação estava diante dos meus olhos. Uma capela com todas as imagens dos mestres da Fraternidade Branca bem à frente das montanhas, quais tinham um lindo nascer do sol. Um jardim com rosas e uma escultura do tão santificado Francisco de Assis.
O dia se passou rapidamente com descarga elétrica, fortes trovões e relâmpagos. A nossa piscina que deveria ser ornamentada com um palco para o cerimonial do dia seguinte estava sendo descartada para o pequeno show. Como seria resolvido a festa e o ritual do casamento? Ele seria feito ao ar livre numa primavera com cores, sons e liberdade e estava sendo encharcado com água que caia do céu. A preocupação começou a ficar evidente por parte de todos. Eu e o meu esposo bem sorridente, compreendíamos o estresse de todos e sentados frente a televisão não entramos na “energia” de ninguém. Adiantaria lhes dizer que não choveria no dia seguinte?
Na manhã seguinte o pessoal encarregado do buffet chegou. Onde colocariam os bancos, flores, velas, tendas, mesas com o campo de futebol todo cheio de poças d’água?
Meu esposo virou-se para o meu lado, dizendo-me:
—Agora eu assumo o comando. Fiquei tranquila. Tudo dará certo. Aqui nada acontecerá diferente do que planejamos. Quem trabalha com os Mestres Ascensionados como nós dois, jamais serão abandonados por eles no momento de uma união tão significativa. Relaxe! Seu único pensamento é de se vestir e ir para o nosso casamento.
Almoço servido, convidados chegando, pessoal do buffet se organizando. Os bolos entraram no salão de festa. Sim! Um deles tinha a forma da lua e o outro do sol. Tudo tinha uma simbologia. Desde a decoração até o que seria servido durante a recepção. O enlace se daria no fim da tarde e até as 15 horas ainda chovia. À nossa volta todos se movimentavam nervosos, irritados aguardando que os noivos tomassem as decisões de quaisquer mudanças sobre a solenidade. Foi então chegando perto das 15:30 horas quando a chuva cessou. Feito um milagre as nuvens negras começaram a se dissipar. Imediatamente todos os funcionários da decoração entraram em ação. Tendas e altar sendo levantados, colunas de flores sendo espalhadas, moinhos de vento funcionando, velas sendo colocadas marcando o caminho dos padrinhos e noivos. Todos fizeram um mutirão e com alegria tudo acontecia rapidamente. Na piscina foi montada uma decoração especial e assim como a cascata tanto quanto a piscina iluminariam o nosso espaço com as sete cores dos raios da Fraternidade Branca Universal.
As dezessete e trinta eu estava posicionada descalça em cima de um tapete vermelho com meu vestido longo de matizes azul e branco, tiara com pedra ametista, um cristal em forma piramidal sendo carregado nas mãos e um véu longo com pequenas estrelinhas brilhantes dando a luminosidade perfeita de uma harmonia estelar.
Os convidados chegavam se acomodando ao ar livre. Uma brisa gostosa chegava a todos carregando o perfume natural do jardim de rosas da nossa capela ao lado.
O noivo entrou caminhando debaixo das espadas dos nossos guardiões, quais cruzavam suas espadas como os cavalheiros da Távola Redonda. A lâmina brilhante dava reflexo de um espelho formando um teto de luminosidade prateada. As madrinhas entraram após o noivo com suas vestimentas especiais. Pareciam deusas gregas jogando pétalas de flores silvestres no tapete vermelho. Formado um caminho e um círculo enorme de velas tínhamos um cenário próximo as de Brumas de Avalon. Cada vela acesa tinha proteção para o vento não as apagar. Ecoava no campo livre a voz de uma das grandes cantoras de ópera do Brasil – MS. Qual veio especialmente para cantar no cerimonial.
Como noiva e sacerdotisa das Artes da Fraternidade Branca Universal dei entrada no caminho repleto de pétalas. Descalça e calmíssima olhava os convidados nos olhos. Lembro-me do meu pai bem cobertinho sentado na primeira cadeira perto do altar sendo abraçado pela minha irmã caçula, protegendo-o para não sentir frio. Seus olhinhos estavam cheios de lágrimas tentando entender o que estava sentindo. Ele nunca tinha assistido um casamento com um ritual tão diferente.
Chegando perto do altar e do noivo levantei para o alto o cristal violeta. Mentalmente clamei pela frequência do mestre Saint Germain. O cerimonial aconteceu ecumenicamente e sem juramentos. O ritual foi feito através das canalizações e posteriormente entregue aos dirigentes que dentro daquela cerimonia representariam o Yin e o Yang. Um sacerdote e uma sacerdotisa da Fraternidade Branca Universal dirigiram o rito.
Minha segunda mãe estava ao meu lado no altar. Estranhamente o céu estava lindo com um crepúsculo que eu jamais presenciei.
Após o ritual, saí do altar de mãos dadas com meu esposo sentindo a força da nossa união. Ele foi realizado não com o amor físico entre um homem e uma mulher. Sim! Um casamento selado por um reencontro de almas. Uma união abençoada pelos ritos do amor incondicional. Fogos de artifícios foram estourados riscando o céu como um arco-íris eletrônico tendo ao fundo a orquestra das 5 Estações de Vivaldi.
Recebendo os cumprimentos a festa acontecia naturalmente até que…
—Patrão, vem comigo!
Meu esposo saiu da festa discretamente com o caseiro. Chegando até o portão principal da fazenda, algumas pessoas não convidadas desejavam entrar. Meu esposo não reconhecendo aquelas pessoas não permitiu a entrada. Eles se retiraram não antes de deixarem um presente bem grande para os noivos. Instintivamente o noivo abriu o pacote quando caiu do saco de presentes alguns sapos com a boca costurada. Uma macumba acabava de ser entregue e sem cartão assinada pelo remetente, óbvio. Não deixamos interferir no nosso bom humor “aquela brincadeira ” maligna.
Colocamos um horário nos convites informando o horário do término do nosso casamento. A partir das 23 horas a fazenda deveria estar sem nenhum convidado. As pessoas respeitosamente foram se despedindo em grupos, compreendendo o recado.
As minhas enteadas acompanhada de minha irmã “H” cuidaram dos preparativos para a lua-de-mel e discretamente foram embora. Colocaram como lhes foi pedido um colchão d’água, velas ao redor, música erudita e um céu repleto de estrelas como as testemunhas de momentos únicos: a nossa primeira união como homem e mulher casados se uniram ao lado do altar qual anteriormente tínhamos selado o nosso enlace. Ao ar livre e um céu estrelado trariam boas novas.
Próximo capítulo dia 13/03/2019
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